quarta-feira, 21 de maio de 2014

Conversa de ocasião

Hoje mesmo, ao percorrer um dos corredores do edifício sede da Câmara Municipal de Estremoz, tendo em vista aceder a um departamento municipal cumprimentei cordialmente um funcionário que se dirigia ao seu local de trabalho. Tudo seria perfeitamente normal se, após o mesmo ter entrado, não voltasse repentinamente e me interpelasse com a seguinte pergunta: “ O meu amigo recorda-se quando, no princípio dos anos oitenta do século passado, frequentávamos à noite o 12º ano na Escola Secundária de Estremoz? Perfeitamente, respondi. Então recorda-se que para se obter bom aproveitamento era necessário trabalho, estudo, dedicação e capacidade, sem os quais não era possível ir a exame e ter a possibilidade de entrar num curso superior? Respondi novamente, era assim mesmo. Perante estas perguntas e conhecendo bem o cavalheiro, nada virado para as direitas, chegou a minha vez de saber o porquê destas perguntas inesperadas. Com a simpatia de sempre e algum bom humor o dito funcionário diz: É pá têm de nos dar um diploma de doutores em direito, em economia ou outro qualquer, sabe porquê? Suspeito, mas não estou a ver bem porquê. Simples, há pouco tempo deram diplomas do 9º e 12º anos a pessoas que sabem o mesmo ou menos que alguns que têm a 4ª classe antiga. Mas pior que isso é que os convenceram que são pessoas muito capazes de desempenhar funções exigentes em termos de conhecimento académico. Exibem os certificados e colocam-se em bicos de pés. Interrompi e perguntei: então o que quer dizer com isso? Receio que brevemente vamos voltar ao mesmo. Esta gente só pensa em estatística. Não pensa na injustiça que cometem. É concorrência desleal. É colocar em pé de igualdade a excelência e a mediocridade. É achincalhar e desrespeitar quem é dedicado, trabalhador e luta por um País melhor. Tem razão, sempre disse isso e mantenho, afirmei eu. Então até um dia destes. Aqui fica este alerta.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Festa rija alguém há-de pagar

Eleições, quaisquer que sejam, têm sempre significado. Cada líder e cada observador avalia os resultados como lhe convém, muitas vezes não reflectindo a realidade. Poder-se-á dizer que cada um puxa a brasa à sua sardinha. Sem querer antecipar qualquer juízo de valor, o resultado que se avizinha poderá vir a ser bem pior que qualquer avaliação. Portugal, ao contrário do que nos querem convencer, nunca foi verdadeiramente independente. País de comerciantes, intermediários, gente guerreira, aventureira, ambiciosa, inteligente, trafulha e espertalhona, deu novos mundos ao mundo, sempre sem rumo e objectivo definidos. País que descobriu riqueza e a desbaratou. Pais de altos e baixos (mais de baixos) que nunca conseguiu estabilidade económica/financeira. País que, após pequenos sucessos, não soube evitar novos trambolhões, sempre com pés de barro. País de vendedores de banha da cobra que não aprende com os disparates anteriores. Aceitem ou não, foi sempre esta a realidade portuguesa. Antes e agora, no meio das festanças, há sempre quem se aproveita e mete a mão na massa. O rebanho domesticado e conduzido pelos lobos vai na onda a caminho do abismo e, como é costume, é comido. O povo, gente boa, gosta destas molhadas, destes arraiais, de promessas fáceis, de mentiras, de ideias que não lembram ao diabo e esquece quem vai pagar a factura. Onde e como se arranja não interessa, festa é festa. O tempo talvez cure a doença. O pior é que o tempo passa, vêm outras eleições e outras, a festa vai continuar e nova recaída surgirá. É verdade que as mezinhas prescritas não deram resultado de grande vulto. Outra prescrição teria resultado melhor? Não sei ao certo quanto valem uns e os outros. Uns prescrevem mais ou menos a mesma dose, já conhecemos e vale o que vale, é preciso melhorar. Os outros não sei ao que vêm mas desconfio que não sabem o querem ou preparam-se para a festança e vendem gato por lebre. Nós, os eleitores, é que temos de decidir. Ninguém se iluda, não há milagres. Gostamos muito de feiras e festas e quem vier atrás que feche a porta. Não pode ser.